Passagem Literária da Consolação
Julián Fuks
Chamemos de mal-estar nas livrarias. Sei que não sou o primeiro a sofrer desse infortúnio, sei que não serei a última de suas vítimas. Em algum inventário de novas patologias há de estar descrito esse desconforto específico, a um só tempo intenso e sutil, que pode acometer o sujeito que vagueia entre longas estantes de volumes lustrosos e apelativos. Uma náusea, talvez, uma ânsia cuja causa é difícil de distinguir: algo na ordem excessiva dos livros, em sua prontidão obediente, algo em sua evidente hierarquia. Quanto maior a loja, quanto mais transparentes suas vitrines, mais forte o sentimento – mas nas pequenas livrarias de rodoviárias e aeroportos o mal pode alcançar dimensões imprevistas.
Estou certo de que o fenômeno se alastra por uma centena de países, mas também de que ele encontra em São Paulo uma de suas áreas endêmicas. Os habitantes ainda letrados da cidade, obrigados às grandes cadeias e suas megastores intransponíveis, quase não dispõem de alternativas para passear livremente entre livros e perpetrar suas aquisições costumeiras. Dispõem, no entanto, de um ligeiro antídoto – ou de um consolo, como o nome sugere. Cruzando por baixo uma das principais avenidas, a Passagem Literária da Consolação oferece um alívio para pulmões entupidos de tanta purpurina, um respiro com a poeira dos velhos livros esquecidos. Nada de ordem mercantil; apenas a desordem própria da vida. Nada de imagens e slogans chamativos; apenas umas quantas capas desbotadas pelos dias. Nada de preços extorsivos; apenas o valor imprescindível aos bolsos de um punhado de livreiros organizados em cooperativa.
Claro, ninguém encontrará ali o último lançamento do escritor pop do momento, ou obscuras raridades apreciadas pelos críticos. Também não chega a ser uma tradição das mais longevas: não posso inventar longas tardes que passei naquela galeria em leitura ininterrupta, entregue às letras e seu prazer impoluto, e sua indelével pedagogia. Devo ser sincero: não é sequer um dos meus habituais destinos. Mas toda vez que passo ao acaso por ali sinto que algo se distende em mim, que algo em meu íntimo enfim se consola, que posso seguir meus passos e meus dias bastante mais tranquilo.
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Passagem Literária da Consolação: passagem de pedestres na esquina entre as avenidas Consolação e Paulista.
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Imagens: Julián Fuks
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愛
張愛玲
這是真的。
有個村莊的小康之家的女孩子,生得美,有許多人來做媒,但都沒有說成。那年她不過十五六歲吧,是春天的晚上,她立在後門口,手扶著桃樹。她記得她穿的是一件月白的衫子。對門住的年輕人同她見過面,可是從來沒有打過招呼的,他走了過來,離得不遠,站定了,輕輕的說了一聲:“噢,你也在這裡嗎?”她沒有說什麼,他也沒有再說什麼,站了一會,各自走開了。
就這樣就完了。
後來這女子被親眷拐子賣到他鄉外縣去作妾,又幾次三番地被轉賣,經過無數的驚險的風波,老了的時候她還記得從前那一回事,常常說起,在那春天的晚上,在後門口的桃樹下,那年輕人。
於千萬人之中遇見你所遇見的人,於千萬年之中,時間的無涯的荒野裡,沒有早一步,也沒有晚一步,剛巧趕上了,那也沒有別的話可說,惟有輕輕的問一聲:“噢,你也在這裡嗎?”
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